Publicada originalmente em 1995 e esgotada há quase 20 anos, a autobiografia “Lucio Costa – Registro de uma Vivência” foi reeditada em dezembro de 2018. O livro contém textos críticos e memorialísticos, planos, projetos, fotografias e desenhos, especialmente escolhidos e compostos pelo autor do Plano Piloto de Brasília e do plano urbanístico da Barra da Tijuca, bairro no Rio de Janeiro, entre outras obras.
Na nova publicação, que mantém o projeto gráfico original, há também uma apresentação de Maria Elisa Costa, filha de Lucio, e de um ensaio de Sophia da Silva Telles, que procura decifrar o sentido da obra deste arquiteto e urbanista que foi também um dos mais importantes intelectuais brasileiros do século 20.
Lucio Costa atuou decisivamente na grande revolução cultural que tem início com a Semana de Arte Moderna de 1922, fazendo a ponte entre Le Corbusier, Walter Gropius, Frank Lloyd Wright e Mies van der Rohe, pioneiros que conheceu pessoalmente, e brasileiros em começo de carreira que se agregaram à sua volta como Oscar Niemeyer, Afonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos.
O resultado foi uma arquitetura original, que surpreendeu o mundo e garantiu um lugar de destaque na história da disciplina. Em paralelo, Lucio cultivou discretamente um caminho próprio, afim com o projeto modernista, imaginando um elo poético entre nosso passado colonial e a modernidade, fazendo conviver pilotis e cobogós, nosso jeito de morar e preceitos urbanísticos para a sociedade de massas.
Essa fusão de espírito moderno e conhecimento histórico aprofundado revela-se no estilo modelar de uma prosa admirável, livre e naturalmente elegante. Por tudo isso, Registro de uma vivência pode ser colocado junto a livros que revelaram o Brasil aos brasileiros, como Casa grande e senzala e Raízes do Brasil. Um livro fundamental da cultura brasileira.
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