Neste ano, Assis Reis ganhará uma homenagem especial com o lançamento de um site contendo parte do acervo dos seus trabalhos. O arquiteto, que defendia uma identidade regional e traduziu isso em obras contemporâneas e singulares, morreu em 2011 e deixou importantes construções em Salvador, como a premiada sede da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), o prédio do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, ambos resultados de concursos públicos, e os Condomínios Solar das Mangueiras e Solar Itaigara. O portal estará disponível para consulta no endereço www.acervoassisreis.com.br a partir de 24 de outubro, dia no qual completaria 87 anos. Para marcar a data, a família do Professor Assis recebe convidados na Sede Histórica do IAB, na Ladeira da Praça.
Contemplada pelo Edital voltado à Restauração e Digitalização de Acervos Arquivísticos Privados, lançado em 2012 pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT), a proposta permitiu o resgate e a catalogação de plantas de projetos arquitetônicos, croquis, filmes, gravações de entrevistas, desenhos de caricaturas, textos, documentos e fotos, que compreendem as décadas de 1960 a 2010, e que estarão acessíveis ao público para consulta. A iniciativa da organização desses documentos partiu de uma das filhas de Assis, a também arquiteta Márcia Reis, que temia pela perda do material. “Acreditávamos que um acervo com esse valor cultural deveria ser disponibilizado para toda comunidade de arquitetos e alunos de arquitetura por ser um grande referencial para pesquisa”, justifica.
Além de aproximadamente 300 plantas de projetos de arquitetura, a maioria já digitalizada, Assis Reis deixou uma biblioteca com 1.000 livros que farão parte de uma segunda etapa de trabalho. Márcia Reis, que atualmente é diretora de Comunicação do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento da Bahia (IAB-BA), planeja ainda a criação do Centro de Referência da Arquitetura Baiana. Fazem parte da equipe de trabalho da organização do acervo o doutor em arquitetura e urbanismo José Carlos Huapaya Espinoza, que trabalhou 7 anos com Assis Reis a estudante de arquitetura Yana Machado, e Júlia Rocha, neta do Professor Assis.
A contribuição de Assis Reis, nascido Francisco de Assis Couto dos Reis, à arquitetura moderna brasileira é reconhecida por gerações de profissionais que ajudou a formar a partir de 1968, como professor na graduação e pós-graduação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, onde também estudou. Em 2008, recebeu a Comenda do Colar de Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil pelo conjunto de sua obra, maior honraria da entidade.